Damien Hirst, Francis Bacon e adivinha quem?

Assisti uma entrevista do Damien Hirst, um artista que usa (ou usava, não sei agora) animais mortos em alguns trabalhos e ficou famoso por isso. Mas o vídeo não era sobre esses trabalhos. Era sobre uma série de pintura que ele tem feito há um tempo com pontos.

Na entrevista ele conta da admiração pelo pintor Francis Bacon que eu também adoro. Queria canalizar algumas imagens do Bacon. Ele pintou umas coisas horríveis. Foi um dos primeiros artistas que mexeu profundamente comigo, me deixou realmente com pavor.

Eu já quis tanto causar sensações parecidas com às do Bacon, mas imagino que o mundo é tão horrível por conta própria e as pessoas estão tão acostumadas com tudo. Às vezes penso que não quero causar nada.

Mas os trabalhos que eu tenho feito estão causando algo, em mim pelo menos. Estão me dando catarse e estresse. Eu tô ficando meio obcecado com a ideia de achar uma mensagem pela arte.

Não confio mais na lembrança

Me surpreendo comigo mesmo quando lembro alguma pendência relembrada em várias ocasiões passadas e depois esquecidas novamente. A cada relembrança nova dessa pendência anterior, a ideia original não me soa mais autêntica.

É uma lembrança picotada que a minha cabeça colou pedacinhos de outras peças com modelos diferentes pra completar a figura.

Por exemplo, esqueci que tinha esse blog, várias vezes, e lembrei dele quando quis escrever alguma coisa, então esqueci logo em seguida o que queria escrever, só pra relembrar depois, mais tarde, quando já não sabia outra vez, pois... esqueci.

É confuso aceitar isso, sobretudo quando a vontade persiste, mas acho que assim é melhor. Será?

Não gosto de surpresas e sou pessimista há bastante tempo, porque sempre deixo minhas expectativas abaixo do esperado. Nisso é mais fácil e menos dolorido quando o baque acontece.

s/t

Abraçaria você para quebrar-te o casco
E te libertar do lugar adotado como lar
Quem sabe você entenderia
A dor infligida pelas ações dos seus pares
Nesta celebração da extinta idade
Enxergaria seu reflexo desmanchando?
Ou fingiria conduta no pacto?

s/t

Sobrevoando a fossa
Pensas em penas e no vazio
Imaginas belas paisagens
Recheadas de maus odores
E pessoas tristes
Ouço do bico dizeres
Cantos mágicos forjados
Em ritmo náutico
Para acalentar o povo
No distúrbio alado

s/t

Desejo rasgar a fina camada da casca
E cutucar a chaga com os olhos amolecidos
Desejo sentir algo além de marasmo prostrado
Sentir o que a cobiça traiçoeira reserva pra gente
Adentro o pensamento inquieto à sabotagem
Um deslumbramento com cenários incinerados
Recordações fotográficas de memórias falsas
Corpos esqueléticos paralisados na beira-estrada
Sucumbindo ao desgoverno atemporal
Das mais antigas sociedades necrosadas

Pela burrice voluntária que engatinha atrás do osso roído, isso me inspira de um jeito masoquista.

s/t

Um pedaço abocanhado deixou a marca
Numa carne ferida, mutilada e vazia
Há tempo marinando entre os risos e desprezo
O agouro exibido com orgulho pelos homens
Com o porte das ferramentas de tortura e alimento
É agora nada mais e muito mais que nada menos
Do que uma cadeia celebrada com vigor

O mês de junho em Marabá

Passei quase todo o mês passado na cidade quente de Marabá, dessa vez mais quente ainda por causa do verão e das queimadas naturais que acontecem nesse período; a casa ficava cheia de cinzas dos focos de incêndio. Um cenário curioso e meio assustador.

Fiquei a maior parte do tempo com meus gatos, Guya e Guel, enquanto meu namorado, cansado, se dividia no trabalho com os shows que ele tem feito ultimamente.

Cozinhei bastante, lavei muita louça e varri a casa todos os dias. Deveria ter estudado, mas acabei direcionando minha atenção pra atividades mundanas; terminei uma temporada de Queer Eye, revi RuPaul e acompanhei as atualizações completamente inúteis do feed no youtube.

Os ensaios para morar junto sempre revelam surpresas e desafios novos, no entanto, essa última vez foi menos tumultuada. O que me leva a vislumbrar uma possibilidade real mais próxima e factível.